“Três coisas devem ser
feitas por um juiz: ouvir atentamente, considerar sobriamente e decidir
imparcialmente” (Sócrates).
O juiz é um cidadão investido de autoridade pública,
com o poder para exercer a atividade jurisdicional, julgando os conflitos de
interesses submetidos à sua apreciação. Julgar é um ato de enorme complexidade,
ao mesmo tempo sublime.
Juízes neste país, principalmente os de primeira
instância,1
são aprovados em concursos dificílimos. Eles são outorgados com uma dádiva
impressionante, porém, com uma alta responsabilidade.
Ao discorrermos sobre este tema, lembramos de um
acontecimento célebre da Bíblia (1 Reis 3.16-28), onde o sábio Rei Salomão foi
protagonista de um julgamento espetacular e incomum, que passamos a narrar:
Pouco tempo depois de receber a
graça da Sabedoria, apresentaram-se duas mulheres ao Rei Salomão. Uma disse:
"Senhor, eu e esta mulher habitávamos na mesma casa. Durante a noite,
estando a dormir, ela sufocou o filho e, aproveitando-se do meu sono, pôs o meu
filho adormecido junto de si e colocou aos meus pés o seu filho que estava
morto. De manhã, olhando de perto para ele, vi que não era o meu filho". A
outra mulher interrompeu: "Não, o meu filho é o que está vivo, o teu
morreu". A primeira replicou: "Não, o teu é que morreu. O que está
vivo é meu". E continuaram a disputar. Então o rei disse: Trazei uma
espada, dividi em duas partes o menino que está vivo e dai metade a cada uma!".
Cheia de amor ao seu filho, à mulher cujo filho estava vivo suplicou:
"Senhor, peço-vos que lhes deis a ela o menino vivo e não o mateis!".
A outra, pelo contrário, dizia: "Não seja para mim nem para ti, mas
divida-se". Então Salomão disse: "Dai a primeira o menino vivo porque
é ela a verdadeira mãe". E assim todo o povo de Israel soube que a
sabedoria de Deus assistia ao rei para julgar com retidão.
Nesta história é demonstrada uma
grande sabedoria. Salomão impressionava pela sapiência, contudo, devemos
atestar que este conhecimento foi herdado de Deus (1 Reis 3.5-15).
Nenhum homem deste universo, por
mais dotado que fosse, seria capaz de um julgamento desta magnitude. Deus
ofertou graciosamente a sabedoria e perspicácia necessária, para que Salomão
procedesse da forma que procedeu.
É real que o juiz investido no
seu cargo, deva possuir um conhecimento intelectual e saber jurídico, para
exercer o seu mister corretamente. Entretanto, não deve o mesmo esquecer, que
em determinados julgamentos, só a sabedoria humana não bastará, para o deslinde
dos litígios. Além de lhe ser cobrado uma certa dose de tino psicológico, será
requerido também àquela intuição santa, que chamaremos de “Discernimento Espiritual.”
No caso do julgamento de Salomão,
não existiam testemunhas, o que só servia para complicar ainda mais este caso.
As duas mulheres com suas "verdades" era o que estava à
mostra. No juízo de Salomão é mais do que evidenciado o Deus Todo Poderoso,
como artífice da vivacidade do Rei.
A história deste julgamento não
foi só escrita para ficarmos admirados pela sabedoria de Salomão, mas para
demonstrar que só do Senhor vem à inteligência verdadeira.
Se ele teve este dom, nos é
facultado, também, possuímos. Podemos nunca ter a inteligência de Salomão, mas
nada impedirá que não possamos usar nesta existência a real sabedoria que do
alto vem.
Para os magistrados, que exercem
a tão sublime arte de julgar, sabemos da dificuldade de ter chegado a esta
função, sem antes esquecer: "Que não há autoridade que não venha de
Deus; as que existem foram instituídas pelo Senhor". (Romanos 13.1)
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1 A primeira instância é a primeira
jurisdição hierárquica; o primeiro órgão da Justiça, ao qual o cidadão deverá
dirigir um pedido de solução de conflito.
Muito bom, Geraldo! Parabéns pelo texto. Abraço!
ResponderExcluirObrigado Dr. Fabrício Meira.
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