Quando estou
dirigindo, não sou de acelerar muito e obedeço ao limite de velocidade
estabelecido nas rodovias, especialmente em uma pista de mão dupla. Estava retornando
de uma cidade que dista* 100 km de onde moro, e, em determinado momento
da viagem, um apressadinho em um caminhão apitava incessantemente atrás de mim. Imaginei acertadamente que a sua intenção era que eu saísse da estrada para ele
passar. Ele me ultrapassou e, um quilômetro depois, notei que o precipitado
quase se envolveu em um acidente. Para minha surpresa, já próximo de chegar ao
meu destino, lá estava o caminhoneiro na retaguarda de uma carreta enorme, e,
daí, teve que ficar um bom tempo atrás do veículo. Em determinado momento,
ultrapassei o impaciente e pensei automaticamente: NEM SEMPRE O MAIS RÁPIDO
CHEGA PRIMEIRO; confirmando o que está esboçado no livro bíblico de Eclesiastes
9.1ª (NTLH): “Eu descobri mais outra
coisa neste mundo: nem sempre são os corredores mais velozes que ganham as
corridas.”
Tal contexto também
demonstra que o sucesso de algo não é inteiramente adstrito à velocidade ou
força, mas sim à sabedoria e inteligência, seja ela emocional ou cognitiva,** e
principalmente a um suporte considerável: a fé em Deus.
Vem bem a calhar***
sobre o tema a fábula de Esopo “A Lebre e a Tartaruga”, que é a seguinte:
- Era uma vez… uma lebre e uma tartaruga. A lebre vivia caçoando da lerdeza da tartaruga. Certa vez, a tartaruga, já muito cansada por ser alvo de gozações, desafiou a lebre para uma corrida. A lebre, muito segura de si, aceitou prontamente. Não perdendo tempo, a tartaruga começou a caminhar, com seus passinhos lentos, porém firmes. Logo a lebre ultrapassou a adversária e, vendo que ganharia fácil, parou e resolveu cochilar um pouco. Quando acordou, não viu a tartaruga e começou a correr. Já na reta final, viu finalmente a sua adversária cruzando a linha de chegada, toda sorridente.
Quando ocorreu o
descrito na narrativa inicial do texto, lembrei-me automaticamente da fábula acima citada, evidenciando que, em algumas ocasiões, A VIDA IMITA A
ARTE.****
Essa fábula
interessante nos oferece significativas lições:
- Não devemos nos sentir superiores, já que o excesso de confiança pode ser um obstáculo para alcançarmos nossos objetivos.
- Subestimar os outros nos torna presunçosos. A lebre, ao desdenhar da tartaruga e se gabar de suas habilidades e atributos, sofreu uma humilhante derrota.
- Devemos lutar pelos objetivos, respeitando nossas condições e não nos incomodando com a superioridade alheia.
- Caminhar com esforço, sem desistir e sem se preocupar em ser veloz, pois às vezes os mais rápidos tropeçam na sua arrogância ou na falta de sabedoria.
- Terá êxito aquele que realiza seu intento com zelo e perseverança.
Teremos aborrecimentos sempre que algo que tanto ansiamos demora a acontecer,
seja no plano profissional, sentimental, educacional, financeiro ou em qualquer
outro. Quando estou ansioso, lembro do conselho do amigo Pastor Francisco de
Aquino Guerra: “Vá no passo da tartaruga,
fazendo o certo, e, com paciência terás vitória”.
A rapidez nunca foi o
sinal principal ou único da vitória, pois, se fosse assim, as demais qualidades
humanas seriam desmerecidas. O “apressado come cru”, e a pressa pode levar a
maus resultados. É preciso ter a cautela necessária para que as coisas fluam
naturalmente. Agir precipitadamente pode resultar em um serviço malfeito e
ineficaz, assim como alguém comer uma refeição antes de ela estar devidamente pronta
para ser consumida.
Planeje adequadamente
e se esforce com denodo e aplicação, não esquecendo que:
- Devagar se vai ao longe;
- Se não aconteceu, é porque não chegou o tempo de Deus.
_____________
*Demora, situa-se.
**Relativo à cognição e ao conhecimento. Intelectiva, intelectual e mental.
*** Vem bem a calhar significa que algo é útil, conveniente ou acontece em um momento oportuno e favorável.
****A ideia de que a vida imita a arte é uma posição ou observação filosófica sobre como comportamentos ou eventos reais às vezes (ou mesmo comumente) se assemelham ou se sentem inspirados por obras de ficção e arte.
