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sábado, 13 de dezembro de 2025

TÔ NEM AÍ!

Estava dirigindo cedo pela manhã quando uma turma de jovens colegiais atravessava a “linha de pedestres”, da qual eles e os demais transeuntes possuem direitos, e que os motoristas devem esperar até que todos ultrapassem. Só que aqueles jovens demoraram uma “enormidade de tempo”* na trilha demarcada, para que os automóveis parados pudessem se deslocar novamente. Observei que eles não estavam nem aí para o mundo. 
Decorrente desse contexto, decidi redigir sobre o tema: “TÔ NEM AÍ!” Pois bem, esta expressão indica indiferença ou falta de preocupação com algo. Geralmente, é usada entre os mais jovens, que estão em uma fase em que a preocupação não é tão forte, e, como eles apregoam, querem levar a vida de uma maneira mais livre e divertida, fugindo de preocupações e pensamentos complexos.
Ah! Se todos pudessem conduzir-se deste modo, ou seja, não estivessem nem aí para as circunstâncias e complicações da existência. O fato é que ninguém, em sã consciência, pode afirmar com exatidão que não está nem aí para nada. Por mais que entendamos que não precisamos dar satisfação da vida para quem quer que seja, a realidade não é bem assim. Se você entender que não está nem aí para o que o outro pensa, isso não fará com que essa ação impeça qualquer reação contrária. Imaginar, independentemente da idade, que poderemos não estar nem aí para o que o outro pondera não é de todo admissível.
Por que articulo isso?
Podemos até não ligar para o que alguém pensa a nosso respeito, ou não levar a sério uma determinada circunstância que nos ofenda, mas nem por isso devemos ignorar totalmente o que passa ao nosso redor, até mesmo como importante opção de defesa pessoal.
Seria muito simples afirmar “Tô nem aí” para qualquer contexto. Infelizmente, não funciona assim a “engrenagem da vida”. É evidente que não devemos ter uma preocupação desvairada com o que os outros pensam ou em relação a tudo que nos cerca. Todavia, torna-se necessário possuir uma responsabilidade equilibrada e não um “tô nem aí” inconsequente.
Há uma expressão bíblica já devidamente testada que preceitua: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Eclesiastes 3:1). Podemos usá-la no que tange ao alívio de determinados eventos que podemos deixar de lado, até mesmo para nos reciclarmos interiormente, repousando ou atenuando o cansaço atinente às batalhas do cotidiano. Daí, nos será facultado, de uma forma adequada e responsável, bradarmos, em certas circunstâncias: “Tô nem aí” para o trabalho e vou descansar, brincar, caminhar, ler, viajar e fazer o que se tem vontade.  
Agora, não se deve proclamar: “Tô nem aí” para Deus. Quando uma pessoa toma esse tipo de atitude, só quem perde é ela, pois o Senhor é inatingível, e quem assim procede terá tudo a lamentar. Tal procedimento custará muito caro. Pode até demorar, mas o acerto de contas um dia virá, pois “cada um de nós prestará contas de si mesmo diante de Deus” (Romanos 14:12). Deus julgará aquele que não esteve nem aí para Ele, lastimando: “Ah! Se tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos, então seria a tua paz como o rio e a tua justiça como as ondas do mar!” (Isaías 48:18). Que nunca tenhamos tal atitude em nossa existência, pois, quando não estamos nem aí para Deus, teremos tudo a perder, inclusive a paz. Lembremos disso!
 
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*A expressão "enormidade de tempo" significa uma quantidade excessiva ou um período de tempo muito longo. O termo "enormidade" é usado em um sentido figurado para enfatizar a magnitude, neste caso, do tempo decorrido ou necessário

sábado, 6 de dezembro de 2025

NEM SEMPRE O MAIS RÁPIDO CHEGA PRIMEIRO

Quando estou dirigindo, não sou de acelerar muito e obedeço ao limite de velocidade estabelecido nas rodovias, especialmente em uma pista de mão dupla. Estava retornando de uma cidade que dista* 100 km de onde moro, e, em determinado momento da viagem, um apressadinho em um caminhão apitava incessantemente atrás de mim. Imaginei acertadamente que a sua intenção era que eu saísse da estrada para ele passar. Ele me ultrapassou e, um quilômetro depois, notei que o precipitado quase se envolveu em um acidente. Para minha surpresa, já próximo de chegar ao meu destino, lá estava o caminhoneiro na retaguarda de uma carreta enorme, e, daí, teve que ficar um bom tempo atrás do veículo. Em determinado momento, ultrapassei o impaciente e pensei automaticamente: NEM SEMPRE O MAIS RÁPIDO CHEGA PRIMEIRO; confirmando o que está esboçado no livro bíblico de Eclesiastes 9.1ª (NTLH): “Eu descobri mais outra coisa neste mundo: nem sempre são os corredores mais velozes que ganham as corridas.”

Esse contexto é um exemplo significativo de que o sucesso de algo não é inteiramente condicionado à velocidade ou força, mas sim à sabedoria e inteligência, seja ela emocional ou cognitiva,** e, principalmente, a um suporte considerável: a fé em Deus.
Quando ocorreu o fato acima mencionado, evidenciando que, em algumas ocasiões, a vida imita a arte,***  lembrei-me automaticamente da fábula de Esopo “A Lebre e a Tartaruga”, que é a seguinte:
  • Era uma vez… uma lebre e uma tartaruga. A lebre vivia caçoando da lerdeza da tartaruga. Certa vez, a tartaruga, já muito cansada por ser alvo de gozações, desafiou a lebre para uma corrida. A lebre, muito segura de si, aceitou prontamente. Não perdendo tempo, a tartaruga começou a caminhar, com seus passinhos lentos, porém firmes. Logo a lebre ultrapassou a adversária e, vendo que ganharia fácil, parou e resolveu cochilar um pouco. Quando acordou, não viu a tartaruga e começou a correr. Já na reta final, viu finalmente a sua adversária cruzando a linha de chegada, toda sorridente.

Essa fábula interessante nos oferece significativas lições:

  1. Não devemos nos sentir superiores, já que o excesso de confiança pode ser um obstáculo para alcançarmos nossos objetivos.
  2. Subestimar os outros nos torna presunçosos. A lebre, ao desdenhar da tartaruga e se gabar de suas habilidades e atributos, sofreu uma humilhante derrota.
  3. Devemos lutar pelos objetivos, respeitando nossas condições e não nos incomodando com a superioridade alheia.
  4. Terá êxito aquele que realiza seu intento com zelo e perseverança.
A rapidez nunca foi o sinal principal ou único da vitória, pois, se fosse assim, as demais qualidades humanas seriam desmerecidas. O “apressado come cru”, e a pressa pode levar a maus resultados. É preciso ter a cautela necessária para que as coisas fluam naturalmente. Agir precipitadamente pode resultar em um serviço malfeito e ineficaz, assim como alguém comer uma refeição antes de ela estar devidamente pronta para ser consumida.
Teremos aborrecimentos sempre que algo que tanto ansiamos demora a acontecer, seja no plano profissional, sentimental, educacional, financeiro ou em qualquer outro. Quando estou ansioso, lembro do conselho do amigo Pastor Francisco de Aquino Guerra: “Vá no passo da tartaruga, fazendo o certo, e, com paciência terás vitória”. 
Planeje adequadamente e se esforce com denodo e aplicação, não esquecendo que:
  • Devagar se vai ao longe;
  • Se não aconteceu, é porque não chegou o tempo de Deus.

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*Demora, situa-se.

**Relativo à cognição e ao conhecimento. Intelectiva, intelectual e mental.

***A ideia de que a vida imita a arte é uma posição ou observação filosófica sobre como comportamentos ou eventos reais às vezes (ou mesmo comumente) se assemelham ou se sentem inspirados por obras de ficção e arte.